Ela não parava de bater minha porta
E de
gritar meu nome pelos corredores,
Chamando numa contínua insistência
Para que eu a deixa-se entrar
E se deitar ao meu lado:
Abraçados e juntos...
Eu e ela.
Mas relutava comigo e ignorava sua presença. Virava para o lado e cobria o corpo, fingindo não ouvi-la chamar.
Apenas conferia a luz apagada
E a porta trancada. Na mesa uma pilha de papel e canetas; ouvia apenas o vento soprando pela fresta da porta, um silêncio ensurdecedor.
Pensei em ter novamente meu sono de volta e meus pés aquecidos pelo calor da coberta. Com meus olhos fechados pelo cansaço do dia e o corpo sonolento esperando apenas o dia nascer;
E o relógio tocar.
Mas ela continuava a me chamar e me pedia insistentemente e com veemência para que eu a acolhesse no quarto comigo
Apenas mais uma noite...
Ela queria sentir novamente minhas
mãos: meus
dedos, meus
olhos e minha pena
molhada deslizando em seu corpo outra vez; meus pensamentos e sentimentos.
Contudo, meus olhos estavam pesados e meus dedos cansados.
Não queria recebê-la aquela noite, mas não podia deixá-la dormir lá fora, sozinha, no escuro, ao relento da madrugada.
Então, lentamente ela foi entrando em meu quarto; Invadindo-me com suas
palavras.Cobrindo-me com suas
frases
E me preenchendo de
sonetosE estrofes cheias de
rimas.
Enfim, pude voltar novamente para cama.
Abraçados e juntos... Eu e ela,
Como dois jovens amantes:
... A poesia e eu!